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Wake up and Smell the Coffee

Tem coisas que acontecem à volta da gente que chamam à atenção pra como é a realidade. Bom, não quero e não vou entrar na metafísica da coisa, questionar o que é realidade nem nada, porque nem tenho cacife pra isso.

Há quase um ano, uma moça se matou na faculdade, da Biblioteconomia. Eu lembro porque estava chegando na Letras, oito e pouco da manhã. Tinha um mundo de gente parado, olhando pra graminha do lado do laguinho da biblio, onde tinham aberto a roupa da moça e uma equipe do SAMU estava tentando reanimar. Tinha uma tensão no ar; ouvi alguém dizendo que ela tinha pulado do quarto andar. Todo mundo estava com a respiração meio suspensa; eu vi o peito dela se encher de ar, depois o meu de esperança; segundos depois a equipe começou a guardar os equipamentos e a cobrir o rosto da moça.

Eu nunca tinha visto antes um último suspiro. Quando a minha vó morreu, eu estava em Diamantina. Não vi morrer, não fui no enterro, nem nada. Eu tinha visto, sim, quando três dias antes, na minha cidade natal, a ambulância veio buscá-la pra internar pela última vez. Por que na hora eu sabia que era a última vez?

As coisas acabam. Morte é uma das coisas que mais faz pensar nesse tema, lógico.

Por que customizar uma janela de banheiro de buteco?

E sei lá… Tem amor, também. Dizem que se morre, não era amor. Mas quem tem, de novo usando a palavra, cacife pra afirmar isso? Eu não sei lidar bem com o tanto que as coisas são passageiras. “Fim” de amor pra mim é uma experiência de quase morte. Ou melhor dizendo, morte parcial. Ao mesmo tempo que cria um buraco negro, fica vagando em algum lugar. Tipo no subconsciente, atormentando seu sono. Não sei se ser feliz em sonho é bom. Na verdade não é que não sei, é que não acho mesmo. Fui feliz em sonho essa noite. Acordei duas vezes mais deprimida, nada daquilo existe. Será que existiu?

Golpes de realidade são dolorosos. Esses aqui são poucos, mas todos os dias eu vejo isso acontecendo na vida das pessoas. Queria fazer algo, como queria que fizessem por mim.

7 comentários em “Wake up and Smell the Coffee

  1. Muito bacana os assuntos que você aborda e é agradável o modo como você escreve. Quando leio algumas coisas que você escreveu dá saudade do tempo em que eu escrevia. =P

  2. muito interessante esse texto, acho que todo mundo se sente oprimido e deprimido pela ideia de fim, mesmo que seja fim de sofrimento. O que pode haver depois do sofrimento, se ele for justamente aquilo que te diferencia? E o que é a felicidade, senão a morte?

    E fiquei pensando: o que raios a customização da janela de buteco tem a ver com isso?

  3. Hm… cuidado com as crises de recaída, não cai nessa não. u_u
    Se o amor acaba é pq foi mto gasto e precisa de um novo.
    E aí vc vira pra mim e dá risada, dizendo que não é simples assim, né?

    Pois é, eu sei disso. É uma experiência de quase morte, como vc falou, mas pense que vc saiu viva dessa e que tem uma vida inteira pela frente para superar e amar de novo.

    É legal quando a gente recebe ajuda, nem que seja um afago de consolo. Mas não fique dependente disso, às vezes a gente se decepciona demais com o que esperamos dos outros e não recebemos. Continue tendo fé em você, não se deixe abalar. Você é a única que pode te tirar do fundo do poço, os outros, por mais que ajudem, só podem torcer por você.

    Hm, eu acho que customizaram a janela do banheiro pra combinar com a decoração do azulejo e a louça, não? o.o

    bjos bjos!

  4. Aline, a decoração é no banheiro do Cabral! E olha só, tá lá de um jeito que quase ninguém vê. Isso me encucou e me fez inserir no post: por que fazer certas coisas? Inclusive amar, e pros mais perdidos, viver.

    Lucy, não preocupa! Como eu te falei, a crise não é minha. E esse banheiro não tem decoração! ahah. É na verdade um dos butecos mais copo sujo dos arredores da UFMG. Por isso o choque. XD

  5. Acho que a experiência do FIM é uma coisa complicada pra todo mundo. E cada pessoa tem um jeito diferente de reagir. eu não sei, quando algo termina eu começo desesperadamente a trabalhar numa tentativa frustrada de não pensar no que acabou, mas no final eu acabo encontrando sempre a mesma coisa: doença.
    É aquela eterna tristeza dos elfos, sabe. Ver tudo que você ama acabar.

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